Violência obstétrica e bioética

percepção dos estudantes da saúde do Brasil

Palavras-chave: Bioética, Violência contra a mulher, Humanização da assistência, Direitos Humanos

Resumo

Esta pesquisa traz uma abordagem qualitativa exploratória, com objetivo de identificar a percepção dos estudantes da área da saúde sobre a violência obstétrica e sua relação com a bioética. Para esse fim, foi aplicado questionário eletrônico a 102 estudantes da área da saúde, cujo perfil majoritário era do sexo feminino, de até 25 anos, residentes no Distrito Federal, que não possuem filhos. Através das respostas, pode-se perceber que o conhecimento sobre violência obstétrica não necessariamente se deu no contexto formal acadêmico, tendo o debate entre alunos e outras fontes de informação, como a internet e a mídia, considerável importância. Conclui-se que há uma lacuna significativa na formação ética de profissionais de saúde, e que a comunidade acadêmica deve estimular o desenvolvimento do pensamento crítico de seus alunos, ao invés de coibi-lo.

Biografia do Autor

Raylla Albuquerque, Universidade de Brasília

Doutora em Bioética. Universidade de Brasília. Brasília, Brasil

Daniela Amado Rabelo, Universidade de Brasília

Mestra em Bioética. Universidade de Brasília. Brasília, 

Natan Monsores , Universidade de Brasília

Doutor em Bioética. Universidade de Brasília. Brasília, Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Raylla Albuquerque, Universidade de Brasília

Doutora em Bioética. Universidade de Brasília. Brasília, Brasil

Daniela Amado Rabelo, Universidade de Brasília

Mestra em Bioética. Universidade de Brasília. Brasília, 

Natan Monsores , Universidade de Brasília

Doutor em Bioética. Universidade de Brasília. Brasília, Brasil.

Referências

Guterres A. Remarks on International Day for the Elimination of Violence against Women | United Nations Secretary-General [Internet]. United Nations; 2018 [cited 2021 Sep 25]. Disponível em: https://www.un.org/sg/en/content/sg/speeches/2018-11-19/international-day-for-elimination-of-violence-against-women-remarks

D'Oliveira A, Diniz S, Schraiber L. Violence against women in health-care institutions: An emerging problem. Lancet • [Internet]. 2002;359:1681-5. Disponível em: www.thelancet.com https://doi.org/10.1016/S0140-6736(02)08592-6

World Health Organization. The prevention and elimination of disrespect and abuse during facility-based childbirth: WHO statement. World Heal Organ [Internet]. 2015;4. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/134588/WHO_RHR_14.23_cze.pdf

Venturi G, Godinho T. Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado: uma década de mudanças na opinião pública. São Paulo: Fundação Perseu Abramo e Editora SESC; 2013. 504 p.

Brasil. Lei N.o 14.188, de 28 de junho de 2021. Define o programa de cooperação Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica e outras providências. [Internet]. Brasil; 2021. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14188.htm

Saúde mental e violências: aprofundando a compreensão sobre algumas das origens e atravessamentos dos sofrimentos psíquicos. Saúde em Público [Internet]. [25 set. 2021]. Disponível em: https://saudeempublico.blogfolha.uol.com.br/2021/08/27/saude-mental-e-violencias-aprofundando-a-compreensao-sobre-algumas-das-origens-e-atravessamentos-dos-sofrimentos-psiquicos/

Castro A. Witnessing obstetric violence during fieldwork: Notes from Latin America. Health Hum Rights. 2019;21(1):103-13.

Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos Tradução : Ana Tapajós e Mauro Machado do Prado; 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_univ_bioetica_dir_hum.pdf

Rohden F. Uma ciência da diferença: sexo e gênero na medicina da mulher. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.; 2001. https://doi.org/10.7476/9788575413999

Vinuto J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas. 2014;22(44):203-20. https://doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977

Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2011. 280 p.

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio. Resumo técnico do Censo da Educação Superior 2019 [Internet]. Brasília; 2021. 120 p. Disponível em: https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/estatisticas_e_indicadores/resumo_tecnico_censo_da_educacao_superior_2019.pdf

Jardim DMB, Modena CM. Obstetric violence in the daily routine of care and its characteristics. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2018 [24 set. 2021];26:3069. Disponível em: http://www.scielo.br/j/rlae/a/rMwtPwWKQbVSszWSjHh45Vq/?lang=en https://doi.org/10.1590/1518-8345.2450.3069

Paranhos DGAM, Albuquerque A. A autonomia do paciente idoso no contexto dos cuidados em saúde e seu aspecto relacional. Rev Direito Sanitário [Internet]. 2018;19(1):32. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rdisan/article/view/148123 https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.v19i1p32-49

Shrivastava S, Sivakami M. Evidence of 'obstetric violence' in India: An integrative review. J Biosoc Sci [Internet]. 2020 [26 set. 2021];52(4):610- 28. Available from: https://www.cambridge.org/core/product/identifier/S0021932019000695/type/journal_article https://doi.org/10.1017/S0021932019000695

Diniz SG, Salgado H de O, Andrezzo HF de A, de Carvalho PGC, Carvalho PCA, Aguiar C de A et al. Abuse and disrespect in childbirth care as a public health issue in Brazil: Origins, definitions, impacts on maternal health, and proposals for its prevention. J Hum Growth Dev. 2015;25(3):377-82. https://doi.org/10.7322/jhgd.106080

Bowser D, Hill K. Exploring Evidence for Disrespect and Abuse in Facility-Based Childbirth. United States Agency Int Dev [Internet]. 2010;1-57. Disponível em: https://www.ghdonline.org/uploads/Respectful_Care_at_Birth_9-20-101_Final1.pdf

Tesser CD, Knobel R, Andrezzo HF de A, Diniz SG. Violência obstétrica e prevenção quaternária: o que é e o que fazer. Rev Bras Med Família e Comunidade. 2015;10(35):1-12. https://doi.org/10.5712/rbmfc10(35)1013

Pereira JS, Silva JC de O, Borges NA, Ribeiro M de MG, Aurek LJ, Souza JHK de. Violência obstétrica ofensa a dignidade humana. 2016;15:103-8.

World Health Organization. Intrapartum care for a positive childbirth experience [Internet]. 2018. 212 p. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/260178/1/9789241550215-eng.pdf?ua=1%0Ahttp://www.who.int/reproductivehealth/publications/intrapartum-care-guidelines/en/

S Z, M S, R B, A M, E M. Does episiotomy always equate violence in obstetrics? Routine and selective episiotomy in obstetric practice and legal questions. Eur Rev Med Pharmacol Sci [Internet]. 2019 [26 set. 2021];23(5):1847-54. Disponível em: https://pubmed-ncbi-nlm-nih.ez54.periodicos.capes.gov.br/30915726/

Albuquerque A, Albuquerque R, Boeira L, Machado I, Lima L, Lima M. Problematização da expressão "violência obstétrica" à luz dos Direitos Humanos. In: Senhoras EM, editor. Pesquisas Interdisciplinares Estimuladas por Problemas Concretos das Ciências Sociais Aplicadas. Ponta Grossa: Editora Atena; 2021. p. 254. https://doi.org/10.22533/at.ed.13721090216

Chadwick R. Breaking the frame: Obstetric violence and epistemic rupture. https://doi-org.ez54.periodicos.capes.gov.br/101080/1013095020211958554 [Internet]. 2021 [26 set. 2021];1-12. Disponível em: https://www-tandfonline.ez54.periodicos.capes.gov.br/doi/abs/10.1080/10130950.2021.1958554

Chadwick R. Bodies that birth to come: Vitalizing Birth Politics. 1st ed. Londres, Inglaterra: Taylor & Francis Group; 2018. https://doi.org/10.4324/9781315648910-1

Paiva LM, Guilhem D, Sousa ALL. O Ensino da bioética na graduação do profissional de saúde. Med (Ribeirao Preto Online). 2014;47(4):357. https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v47i4p357-369

Diniz CSG. Entre a técnica e os direitos humanos: possibilidades e limites da humanização da assitência ao parto [Internet]. Universidade de São Paulo; 2001. Disponível em: https://docplayer.com.br/32913-Entre-a-tecnica-e-os-direitos-humanos-possibilidades-e-limites-da-humanizacao-da-assistencia-ao-parto.html

Aguiar JM de, d'Oliveira AFPL. Violência institucional em maternidades públicas sob a ótica das usuárias. Interface - Comun Saúde, Educ. 2010;15(36):79-92. https://doi.org/10.1590/S1414-32832010005000035

Oliveira AAS De. Interface entre bioética e direitos humanos: o conceito ontológico de dignidade humana e seus desdobramentos. Rev Bioética. 2007;15(2):170-85.

Griboski RA, Guilhem D. Women and health care professionals: the role of cultural imagination in the humanization of delivery and childbirth. Texto Context Enferm [Internet]. 2006;15(1):107-14. Disponível em: http://search.ebscohost.com.ezproxy.liv.ac.uk/login.aspx?direct=true&db=jlh&AN=106274403&site=ehost-live&scope=site https://doi.org/10.1590/S0104-07072006000100013

Mehra R, Boyd LM, Magriples U, Kershaw TS, Ickovics JR, Keene DE. Black Pregnant Women "Get the Most Judgment": A Qualitative Study of the Experiences of Black Women at the Intersection of Race, Gender, and Pregnancy. Women's Heal Issues [Internet]. 2020;30(6):484-92. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.whi.2020.08.001

Fannin M. Labour Pain, 'Natal Politics' and Reproductive Justice for Black Birth Givers: https://doi-org.ez54.periodicos.capes.gov.br/101177/1357034X19856429 [Internet]. 2019 Jun 24 [cited 2021 Sep 25];25(3):22-48. Disponível em: https://journals-sagepub-com.ez54.periodicos.capes.gov.br/doi/10.1177/1357034X19856429 DOI: https://doi.org/10.1177/1357034X19856429

Curi PL, de Aquino Ribeiro MT, Marra CB. Obstetric violence against black women in SUS. Arq Bras Psicol. 2020;72(Special Issue):156-69.

Eler KCG, Sant'Anna de Oliveira AA. Doação compartilhada de oócitos no Brasil: reflexão bioética à luz do conceito de vulnerabilidade e dos Direitos Humanos dos Pacientes. Rev Direitos e Garantias Fundam. 2020;21(2):109-30. https://doi.org/10.18759/rdgf.v21i2.1171

Albuquerque A. Os direitos humanos na formação do profissional de medicina Human ritghts in medical training. Rev Med [Internet]. 2015;94(3):169-78. Disponível em: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v.94i3p169-178 https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v94i3p169-178

Leal M do C, Pereira APE, Domingues RMSM, Filha MMT, Dias MAB, Nakamura-Pereira M et al. Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres Brasileiras de risco habitual. Cad Saude Publica. 2014;30(suppl1):1-16. https://doi.org/10.1590/0102-311X00151513

Leal C, Augusto A, Augusto M, Dias B, Granado S, Rattner D et al. Birth in Brazil: National Survey into Labor and Birth. Reprod Health [Internet]. 2012;9:1-8. Disponível em: http://www.reproductive-health journal.com.libproxy.lib.unc.edu/content/pdf/1742-4755-9-15.pdf

Rocha NFF da, Ferreira J. A escolha da via de parto e a autonomia das mulheres no Brasil: uma revisão integrativa. Saúde em Debate. 2020;44(125):556-68. https://doi.org/10.1590/0103-1104202012521

Dengo VAR, Silva RDS, Souza SRRK, Aldrighi JD, Wall ML, Cancela FZV. a Episiotomia Na Percepção De Puérperas. Cogitare Enferm. 2016;21(3):1-8. https://doi.org/10.5380/ce.v21i3.44060

Pitangui ACR, Carvalho NHMG, Siqueira CV, Castro FJ de L, Araújo RC de. Ocorrência e fatores associados à prática de episiotomia. Rev Enferm UFPE Line. 2014;8(2):4-10.

Pereira GMV, Hosoume RS, de Castro Monteiro MV, Juliato CRT, Brito LGO. Selective episiotomy versus no episiotomy for severe perineal trauma: a systematic review with meta-analysis. Int Urogynecol J [Internet]. 2020;31(11):2291-9. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00192-020-04308-2 https://doi.org/10.1007/s00192-020-04308-2

Aguiar BM, Silva TPR da, Pereira SL, Sousa AMM, Guerra RB, Souza KV de et al. Fatores associados à realização de episiotomia. Rev Bras Enferm. 2020;73(suppl 4):1-6.https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0899

Sagi-Dain L, Kreinin-Bleicher I, Bahous R, Gur Arye N, Shema T, Eshel A, et al. Is it time to abandon episiotomy use? A randomized controlled trial (EPITRIAL). Int Urogynecol J [Internet]. 2020;31(11):2377-85. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00192-020-04332-2

Amorim M da C. Experiências de parto e violações aos direitos humanos: um estudo sobre relatos de violência na assistência obstétrica. Univ Fed Goiás [Internet]. 2015;97. Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4943

Davis-Floyd R. The technocratic, humanistic, and holistic paradigms of childbirth. Int J Gynecol Obstet. 2001;75(suppl. 1):5-23. https://doi.org/10.1016/S0020-7292(01)00510-0

Garrafa V, Martorell LB, do Nascimento WF. Críticas ao principialismo em bioética: Perspectivas desde o norte e desde o sul. Saude e Soc. 2016;25(2):442-51. https://doi.org/10.1590/S0104-12902016150801

Guide P. Care in Normal Birth: A Practical Guide. Birth. 1997;24(2):121-3. https://doi.org/10.1111/j.1523-536X.1997.tb00352.x

Domingues RMSM, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, Torres JA, d'Orsi E, Pereira APE et al. Processo de decisão pelo tipo de parto no Brasil: Da preferência inicial das mulheres à via de parto final. Cad Saude Publica. 2014;30(suppl1):101-16. https://doi.org/10.1590/0102-311X00105113

Sousa AMM, Souza KV de, Rezende EM, Martins EF, Campos D, Lansky S. Practices in childbirth care in maternity with inclusion of obstetric nurses in Belo Horizonte, Minas Gerais. Esc Anna Nery - Rev Enferm. 2016;20(2):324-31. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20160044

D'Orsi E, Brüggemann OM, Diniz CSG, Aguiar JM de, Gusman CR, Torres JA et al. Social inequalities and women's satisfaction with childbirth care in Brazil: a national hospital-based survey. Cad Saude Publica. 2014;30:S1-15. https://doi.org/10.1590/0102-311X00087813

Como Citar
Albuquerque, R., Amado Rabelo, D., & Monsores , N. (2023). Violência obstétrica e bioética: percepção dos estudantes da saúde do Brasil. Revista Latinoamericana De Bioética, 23(1), 45–60. https://doi.org/10.18359/rlbi.5794
Publicado
2023-06-30
Seção
Artigos

Métricas

Crossref Cited-by logo
QR Code

Alguns itens similares: