Conejillos de indias
la invención de animales y de humanos de laboratorio
Resumen
Se han investigado las relaciones de poder entre humanos y animales en el experimento científico para probar la hipótesis de que ciertos conceptos, como disciplina, biopolítica y dispositivo, pueden ser útiles para pensar la realidad de animales y humanos en el contexto del laboratorio. Se parte de la premisa de que los poderes son más sutiles que explícitamente violentos. Por un lado, se validó la hipótesis por medio del análisis de grupo focal online del discurso de docentes, posgraduados y bioteristas. Por otro, la presente investigación evidenció también la importancia de los afectos, la noción de responsabilidad y el cuidado. Se presenta, por lo tanto, una relación humano-animal constituida por la ambivalencia: saberes y prácticas instrumentales, de una parte, cuidado, afecto y emociones, de otra. Así, los animales son seres de ontología doble, pues son objetos (deben estudiarse) y sujetos (deben respetarse). Desde esta ambivalencia, se discute el dispositivo cobaya, un conjunto de discursos y prácticas que implican tanto instrumentalidad como afectividad, y que, mediante sus técnicas, transforma los animales en cobayas. Se defiende que esta ambivalencia, por más que sea importante para mantener el animal en el lugar subalterno de cobaya, también presenta un potencial de crear otros modos de relación, otros modos de experimentar que se escapan del dispositivo, es decir, que escapan de la lógica del sacrificio de producir vidas dóciles y matables.
Descargas
Referencias bibliográficas
Porto D, Garrafa V, Martins GZ, Barbosa SN, eds. Bioéticas, poderes e injustiças: 10 anos depois. Brasília: Conselho Federal de Medicina, Cátedra Unesco de Bioética e Sociedade Brasileira de Bioética; 2012.
Nascimento WF, Garrafa V. Por uma vida não colonizada: diálogo entre bioética de intervenção e colonialidade. Saúde e Soc. 2011;20(2):287-99. https://doi.org/10.1590/S0104-12902011000200003
Singer P. Libertação animal. Tradução: Marly Winckler e Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes; 2010.
Regan T. Jaulas vazias: encarando o desafio dos direitos animais. Tradução Regina Rheda. Porto Alegre: Lugano; 2006.
Francione GF. Animals as persons: Essays on the abolition of animal exploitation. Columbia University Press; 2008.
Fischer ML, Meireles JL, Esturião HF (2019). A proteção dos animais no Brasil e em Portugal, sob uma perspectiva da Bioética. RJLB. 2019;5(1):1581-614. Disponível em: http://www.cidp.pt/revistas/rjlb/2019/1/2019_01_1581_1614.pdf
DeMello M. Animals and society: An introduction to human-animal studies. New York: Columbia University Press; 2012.
Souza IMA. Afeto entre humanos e animais não humanos no biotério. Rev. Bras. de Cienc. 2017; 32(94):1-21. DOI: https://doi.org/10.17666/329407/2017
Souza IMA. Corpos comensuráveis: produção de modelos animais nas ciências biomédicas. Horiz. antropol.. 2017;23(48):275-302. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ha/a/VPXzTwpTvyRVczGGWtjzzJc/?format=pdf&lang=pt. https://doi.org/10.1590/s0104-71832017000200012
Sordi C. Pelo boi e sua carcaça: breves apontamentos sobre a disseminação do manejo racional e do bem-estar animal na pecuária bovina do Brasil. Em: Bevilaqua CB, Vander Velden FV, eds. Parentes, vítimas, sujeitos: perspectivas antropológicas sobre relações entre humanos e animais. Curitiba e São Carlos: Editora UFPR e Editora UFSCar; 2016. pp. 121-139.
Segata J. O mosquito da indiferença. Est feministas. 2017;25(2):975-8. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n2p975
Segata J. O Aedes aegypti e o digital. Horiz. antropol. 2017; 23(48):19-48. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832017000200002
Leal N. Dos manuais que fazem raça: técnicas e enunciados sobre purezas zootécnicas. R@U. 2018;10(1):25-52. DOI: https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.226
Osório A. Conversações e predisposições à proteção de animais de rua: vocações, sensibilidades e moralidades. Horiz. antropol. 2017;23(48):253-74. DOI: https://doi.org/10.1590/s0104-71832017000200011
Osório A. Dádiva e antiprofissionalização na proteção a animais de rua. Ambivalências. 2018;5(10):105-37. DOI: https://doi.org/10.21665/2318-3888.v5n10p105-137
Osório A. Ecofeminismo, teorias do care e as críticas a protetoras de animais de rua. Estud Feministas. 2018;26(3):1-20. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9584-2018v26n357762
Bevilaqua CB. Sandra, Cecília e a emergência de novas formas de existência jurídica. Mana. 2019;25(1):38-71. https://doi.org/10.1590/1678-49442019v25n1p038
Bevilaqua CB, Vander Velden FV, orgs. Parentes, vítimas, sujeitos: perspectivas antropológicas sobre relações entre humanos e animais. Curitiba e São Carlos: Editora UFPR e Editora UFSCar; 2016.
Ingold T. Humanidade e animalidade. Rev. Bras. Ci. Soc. 1995; (28):39-53. http://www.biolinguagem.com/inuma/INGOLD%201994%20humanidade%20e%20animalidade.pdf
Descola P. Além de natureza e cultura. Tessituras. 2015;3(1):7-33. Disponível em: Disponível em: http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/tessituras/article/download/5620/4120
Descola P. Outras naturezas, outras culturas. Rio de Janeiro: Editora 34; 2016.
Cole M. From “animal machines” to “happy meat”? Foucault’s ideas of disciplinary and pastoral power applied to ‘animal-centred’ welfare discourse. Animals. 2011;1:83-101. DOI: https://doi.org/10.3390/ani1010083
Holloway L. Bear C, Wilkinson K. Re-capturing bovine life: Robot-cow relationships, freedom and control in dairy farming. J Rural Stud.2014;33:131-40. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jrurstud.2013.01.006
Novek J. Pigs and people: Sociological perspectives on the discipline of nonhuman animals in intensive confinement. Soc. Anim. 2005;13(3):221-44. Disponível em: https://brill.com/view/journals/soan/13/3/article-p221_3.xml
Palmer C. “Taming the wild profusion of existing things?” A study of Foucault, power, and human/animal relationships. Environ.. 2001;23:339-58. Disponível em: https://www.pdcnet.org/enviroethics/content/enviroethics_2001_0023_0004_0339_0358 doi: https://doi.org/10.5840/enviroethics20012342
Costa LFG, Castro O. “Rango é rango”: o animal subtraído no dispositivo cardápio. Rev Diversitas. 2016;4(5):71-97. Disponível em: https://diversitas.fflch.usp.br/sites/diversitas.fflch.usp.br/files/inline-files/revista_diversitas_5_1.pdf#page=38
Schvingel C, Giongo IM, Munhoz AV. Grupo focal: uma técnica de investigação qualitativa. Debate Edu. 2017;9(19):91-106. DOI: https://doi.org/10.28998/2175-6600.2017v9n19p91
Abreu NR, Baldanza RF, Gondim SMG. Os grupos focais online: das reflexões conceituais à aplicação em ambiente virtual. RG&T. 2009;6(1):5-23. DOI: https://doi.org/10.4301/S1807-17752009000100001
Bardin L. Análise de conteúdo. Tradução, Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70; 2011.
Foucault M. Microfísica do poder. Tradução, Roberto Machado. Rio de Janeiro e São Paulo: Paz & Terra; 2017.
Foucault M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Rio de Janeiro: Vozes; 2014.
Latour B. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. Tradução de Ivone C. Benedetti. São Paulo: Editora Unesp; 2012.
Russell WM, Burch RL. The principles of humane experimental technique. Methuen; 1959. Disponível em: http://117.239.25.194:7000/jspui/bitstream/123456789/1342/1/PRILIMINERY%20%20AND%20%20CONTENTS.pdf
Campos AS, Diaz BL, Rivera EAB, Granjero JM, Braga LMGM, Frajblat M et al. Guia brasileiro de produção, manutenção ou utilização de animais em atividades de ensino e pesquisa científica: introdução geral. Brasília-DF: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; 2016. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/14259
Clause BT. The wistar rat as a right choice: establishing mammalian standards and the ideal of a standardized mammal. J. Hist. Biol. 1993; 26(2):329-49. DOI: https://doi.org/10.1007/BF01061973
Rader KA. Of mice, medicine, and genetics: C. C. Little’s creation of the Inbred Laboratory Mouse, 1909-1918. Stud Hist Philos Biol Biomed Sci. 1999;30(3):319-43. DOI: https://doi.org/10.1016/s1369-8486(99)00015-1
Kirk RGW. The birth of the laboratory animal: Biopolitics, animal experimentation, and animal wellbeing. Em: Chrulew M, Wadiwel DJ, eds. Foucault and animals. Boston: Leiden; 2017. pp. 193-221.
Agamben G. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo; 2004.
Agamben G. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Tradução de Henrique Burig. Belo Horizonte: Editora UFMG; 2007.
Wadiwel DJ. Cows and sovereignty: Biopower and animal life. Borderlands e-jounal. 2002;1(2). Disponível em: http://www.borderlands.net.au/vol1no2_2002/wadiwel_cows.html
Thomas K. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais, 1500-1800. Tradução João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia de Bolso; 2010.
Süssekind F. Sobre a vida multiespécie. RIEB. 2018;(69):159-78. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i69p159-178
Agamben G. O aberto: o homem e o animal. Tradução Pedro Mendes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; 2017.
King MR. Killing and feeling bad: Animal experimentation and moral stress. Anim. Res. 2016;5(2):119-33. Disponível em: https://ro.uow.edu.au/asj/vol5/iss2/6/
Sá GJS, Salles MFM, Schirmann JS. Experiência e descarte: dores humanas e não humanas em um laboratório de neurotoxicidade e psicofarmacologia. Soc. e Cult. 2011;14(2):427-34. DOI: https://doi.org/10.5216/sec.v14i2.17617
Arluke AB. Sacrificial symbolism in animal experimentation: Object or pet? Anthrozoös. 1988;2(2):98:117. DOI: https://doi.org/10.2752/089279389787058091
Haraway D. A partilha do sofrimento: relações instrumentais entre animais de laboratório e sua gente. Horiz. antropol.. 2011;17(35):27-64. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71832011000100002
Lynch M. Sacrifice and the transformation of the animal body into a scientific object: Laboratory culture and ritual practice in the neurosciences. Soc. Stud. Sci.1988;18(2):265-89. DOI: https://doi.org/10.1177/030631288018002004
Latour B. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia comparada. Tradução Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34; 2013.
Paixão RL. Os desafios das comissões de ética no uso de animais. CiêncVet Trópicos. 2008;11(suppl 1):84-7. Disponível: http://www.rcvt.org.br/suplemento11/84-87.pdf
LaFollette MR, Riley MC, Cloutier S, Brady CM, O’Haire ME, Gaskill BN. Laboratory animal welfare meets human welfare: A cross-sectional study of professional quality of life, including compassion fatigue in laboratory animal personnel. Front. vet. sci. 2020;7:114. DOI: https://doi.org/10.3389/fvets.2020.00114
Williams A. Disciplining animals: sentience, production, and critique. Int. J. Sociol. Soc. Policy. 2004;24(9):45-57. DOI: https://doi.org/10.1108/01443330410790768